Vibe Coding: O futuro da programação é conversacional, criativo e mais acessível

Abordagem que transforma o programador em um diretor criativo é um movimento duradouro com potencial para mudar permanentemente a criação de softwares

A inteligência artificial está modificando rapidamente a maneira como criamos softwares. Nesse cenário, surge o vibe coding, uma abordagem recente, cunhada em 2024 por Andrej Karpathy, ex-diretor de IA da Tesla, que já ganhou adesão graças à popularização de ferramentas como GitHub Copilot, Cursor, ChatGPT e Replit.

Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, descreve essa prática como uma nova forma de pensar o desenvolvimento tecnológico: “O programador deixa de ser apenas um técnico que escreve códigos, para se tornar um diretor criativo, definindo estratégias e objetivos enquanto interage naturalmente com ferramentas de IA”, explica Emerick. Um exemplo prático seria solicitar diretamente à IA: “preciso criar um site que mostre a previsão do tempo para São Paulo”. A ferramenta então gera o código necessário, permitindo que o profissional foque no aprimoramento do resultado final.

Uma vantagem clara do vibe coding é permitir que mais pessoas possam participar ativamente da criação de softwares. Diferentemente das soluções no-code ou low-code, ele produz códigos reais em linguagens populares, como Python e JavaScript, permitindo personalização detalhada.

Emerick pondera, no entanto, que há aspectos técnicos importantes que precisam ser considerados. “É essencial não depender totalmente da IA. A prática de revisão e auditoria detalhada é fundamental para evitar vulnerabilidades e garantir que o código gerado seja seguro e eficaz”, alerta. Comunidades técnicas como Reddit e Stack Overflow já apontaram riscos de bugs e falhas de segurança em códigos criados automaticamente, reforçando a importância da supervisão humana.

Outra contribuição importante do vibe coding, segundo Emerick, está na área educacional: “Já é uma ótima maneira de atrair novos alunos para o universo da programação, pois permite resultados imediatos, motivando-os a se aprofundar posteriormente na técnica. Provavelmente veremos cada vez mais escolas e universidades adotando esse modelo.”

Além disso, é provável que novas carreiras surjam em breve, especializadas em lidar com ferramentas de inteligência artificial, como os “engenheiros de prompts” ou “auditores de código gerado por IA”. Esses especialistas terão um papel chave na garantia de qualidade e segurança dos códigos gerados.

“Estamos vivendo os primeiros passos dessa transformação digital. O vibe coding ainda tem muito a evoluir, mas já está claro que terá um papel essencial no futuro do desenvolvimento de software, equilibrando eficiência e criatividade com responsabilidade técnica e segurança”, conclui Emerick.

Para empresas e profissionais interessados nessa abordagem, uma boa estratégia inicial é testar ferramentas existentes gradativamente, adotar práticas rigorosas de revisão e investir constantemente na capacitação técnica das equipes envolvidas.