Capa por Leandro Assis
O quinto disco da cantora e compositora paulista já está disponível nas plataformas
Como uma linha de chegada que celebra as dores e delícias de um longo percurso, o novo projeto de Tássia Reis registra um ensaio de movimentos introspectivos e reconexão com sua ancestralidade, para então reafirmar: “‘Topo da Minha Cabeça’ é o ponto mais alto e mais importante a se chegar, é o ponto que almejo, é o topo que quero e vou conquistar”. O quinto álbum em sua discografia marca também o seu retorno para si mesma sendo versado ao longo de 10 faixas. Com produções de Barba Negra, EVEHIVE, Felipe Pizzu, Fejuca e Kiko Dinucci, e participações especiais de Criolo e Theodoro Nagô, Topo da Minha Cabeça sintetiza as misturas que foram sendo costuradas pela artista paulista ao longo do processo, unindo o Soul, Samba, Rap, Drill, Funk, R&B, Jazz e muito mais por um olhar afrofuturista. O novo álbum já está disponível nas plataformas – ouça aqui.
“Após quase morrer, renasci compreendendo melhor algumas coisas, e entendi que esse é o ponto mais alto e mais importante que quero estar, o topo da minha própria cabeça. Com essa consciência e domínio, e com minha atenção focada na saúde mental, espiritual e física, eu posso sonhar, planejar e viver melhor, superando qualquer obstáculo e sendo fiel a mim mesma”, afirma Tássia. Tal percepção se tornou fio condutor da canção título que propõe um exercício de presença, e não só abre o disco mas também ecoa o mantra que o embala. O single “Topo da Minha Cabeça” é um desdobramento de referências atemporais como o mestre Sun Ra, Erykah Badu e Solange – e sucede o poético samba de “Asfalto Selvagem”, lançado no último mês.
Maturando desde 2020, o disco começou a surgir quando Tássia compôs “Ofício de Cantante”, sua declaração pessoal ao samba. A faixa foi o pontapé inicial para a jornada que então viria. O projeto cantando Alcione no programa Versões (Multishow/Canal Bis, 2021) e também nos palcos com a turnê que começou em 2022, enfatizaram sua reconexão com a ancestralidade, que mais tarde se tornou protagonista e então o disco foi tomando forma. “Eu levo comigo a filosofia de ser um canal atento para conseguir trazer a música para o mundo, e para isso é mais do que necessário se desapegar do que não quer ser e deixar vir apenas o que se é”, afirma a cantora sobre um dos processos mais intuitivos e cruciais para a criação do álbum.
O samba foi o primeiro traço de Topo da Minha Cabeça, que mescla referências como os grupos Black Rio e Originais do Samba, além das jóias da música brasileira: Gilberto Gil, Elza Soares, Elis Regina e Alcione. Dividindo as composições e produções com Barba Negra (na faixa-título), EVEHIVE (em “Rude”), Fejuca (em “Ofício de Cantante”), Kiko Dinucci (em “Previsível”) e Felipe Pizzu (em “Asfalto Selvagem”, “Brecha”, “Nós Vestimos Branco”, “Só Maior”, “Tão Crazy” e “Só um Tempo”), o álbum se forma de modo plural, com um traço de cada colaborador. Nesta lista de parcerias, duas marcam ainda os feats que o projeto apresenta, com os músicos Theodoro Nagô (em “Tão Crazy”) e Criolo (em “Só um Tempo”).
Com direção criativa de Leandro Assis, todas as histórias, reflexões e ensaios de Tássia ganham forma. O cabelo como símbolo central dialoga com o título do disco como meio de referenciar as muitas origens, etnias, religião e status social que contam a história da mulher negra. “Todo o conjunto da obra visual potencializa uma conversa que proponho nas faixas, representando uma variedade de emoções. Os elementos do cabelo, as cores e até a tipografia, criada com base em influências dos anos 70, conectam o passado e o presente da música brasileira”, completa Leandro.
FAIXA A FAIXA – Topo da Minha Cabeça
- Topo da Minha Cabeça – “A faixa-título do disco propõe um exercício de presença, que é ser e estar desde as pontas dos pés até o topo de sua cabeça. Estar por inteiro com você. Muitas vezes esquecemos o caminho que nos traz de volta a nós mesmos. Quando nascemos, nos amamos por inteiro, amamos os dedos da mão que acabamos de descobrir, amamos nossos pés, nossa imagem no espelho, e não temos medo de nada. À medida que crescemos, muitas vezes os padrões e opressões da sociedade nos distancia desse amor próprio, e o medo de não pertencer e corresponder às expectativas dos outros só cresce. Essa faixa é como um mantra que propõe esse resgate”.
- Brecha – “Esta por sua vez é um samba minimalista e cadenciado. Quantas histórias, feitos e contribuições de mulheres pretas foram apagadas da história? Seja intelectualmente ou tendo suas subjetividades negadas, como desejos, anseios, amores e etc. Objetivamente, também sabemos que as mulheres pretas são as que mais sofrem opressões, inclusive nos índices de feminicídio. E ainda sim mulheres pretas, indígenas e periféricas seguem sendo criativas nas soluções do dia a dia, no trabalho, muitas vezes fazendo jornada tripla para dar conta de tudo. Esse samba diferente quer dizer pra essas mulheres que eu as vejo, eu também sou uma delas”.
- Asfalto Selvagem – “Este samba groove narra a realidade bruta e áspera de quem nasceu e cresceu numa periferia, as violências que sofremos e que nos forjou essa armadura, que acaba por ser a mesma usada para enfrentar o dia a dia e vencer essas e muitas outras adversidades. O samba sempre soube traduzir a vida, dando vez a quem não tem, sendo o grito guardado na garganta de angústias e amores, mas também de um retrato social e racial em meio a poesia e a batucada”.
- Nós Vestimos Branco – “Um Funk Ijexá com influência de breakbeat é como descrevo esta faixa, um som que foi atrás de entender porque usamos branco na sexta-feira. Dizem que a resposta mais simples geralmente é a correta, portanto, é por causa de Oxalá. Já no culto tradicional africano conhecido como Obatalá, resgatando memória a partir do Itã da criação, e reforçando a importância de se manter a tradição e respeito, na contramão do fundamentalismo religioso”.
- Tão Crazy feat Theodoro Nagô – “Um R&B BR puro e clássico. Doce, romântico e realista. Uma conversa íntima e honesta, um convite a compartilhar angústias, medos e tristezas numa relação recíproca, se colocando à disposição para essa partilha da vida e sendo um ponto de calmaria nesse mundo tão desgastante, é como eu apresenta esta”.
- Só um Tempo feat Criolo – “Este Neo-Soul, Samba e Rap é o resultado de quando a gritaria do mundo se junta com a nossa gritaria interior, daí é necessário uma pausa para recuperar o fôlego, o silêncio, e se entender nesse processo. Nosso entendimento sobre o tempo tem mudado. Num mundo tão digital estamos quase 100% do tempo disponíveis nas redes, e falta tempo para elaborar nossos pensamentos e nos lembrar de coisas importantes para nós mesmos”.
- Sol Maior – “Um MPB e Samba Groove. Como diz o poeta Arlindo Cruz: ‘quando a gente ama brilha mais que o sol’. Essa faixa fala sobre esse momento, quando estamos apaixonados e brilhamos intensamente. Como é gostosa essa sensação, e por mais que o resultado dessas paixões nem sempre seja o esperado, é importante continuar vibrando para que o nosso querer seja sempre um vislumbre no horizonte”.
- Previsível – “Esse Pop Indie e Rock Psicodélico é sobre uma desilusão amorosa de alguém que não foi sincero ao compartilhar suas reais intenções e não conseguiu sustentar o que disse, agindo de forma completamente previsível”.
- Rude – “Eu sou uma mulher grande, grande de altura, de tamanho, de talento, de sonhos e ambições. Percebi-me diminuindo, se apequenando tentando ser o que não sou diante do mundo pra tentar se encaixar nas expectativas e inseguranças dos outros. Dentro disso vivia também meu medo de ser considerada arrogante, por não concordar com tais padrões e expectativas. Se reconhecer é precioso e revolucionou minha relação com o mundo e do mundo comigo. Peguei esses profundos questionamentos, juntei com um pouco de deboche em um Drill com elementos de Samba, Funk e Rap e decidi não corresponder à expectativa de ninguém. Se me reconhecer é ser Rude, que seja!”.
- Ofício de Cantante – “Este Samba, Boombap e Rap é sobre a minha profissão, meu ofício de cantante, o que eu escolhi mas que também me escolheu. Essa faixa fala sobre a vontade de tocar um instrumento e extravasar os sentimentos das mais variadas formas numa canção. Uma reconexão ancestral. ‘Não, ninguém faz samba só porque prefere…’, assim diz a composição de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, e eu acredito muito nisso”.
FICHA TÉCNICA
Management : Melina Hickson
Produção Executiva: Fina Produção
Direção Geral e Artística: Tássia Reis
Direção Criativa, Design e Ilustrações: Leandro Assis
Estratégia: FRESTA
Assessoria de Imprensa e PR: GiraHub
Comercial: Rita Dias Agência
Fotos: José de Holanda
Maquiagem: Cleiton Santos
Cabelo: Diva Green – Ori Afrofuturo
Styling: Tássia Reis
Todas as faixas gravadas, mixadas e masterizadas por Luis Lopes, no Koletiv (exceto a faixa “Ofício de Cantante”, que foi gravada no Kumbukka, com mixagem e masterização por Damien Alain ”.
- “Topo da Minha Cabeça”
Produção: Barba Negra e Tássia Reis
Sample: Barba Negra
Percussões: Alex Culin
Teclas: Deusnir Souza
Voz: Tássia Reis
- “Brecha”
Produção: Felipe Pizzutiello e Tássia Reis
Baixo: Felipe Pizzutiello
Violão: Erick Pontes
Percussões: Alex Culin
Voz: Tássia Reis
- “Asfalto Selvagem”
Produção: Felipe Pizzutiello e Tássia Reis
Baixo: Felipe Pizzutiello
Guitarra e Violão: Erick Pontes
Percussões: Alex Culin
Bateria: Daniel Pinheiro
Teclas: Deusnir Souza
Scratches/DJ: DJ Dedé 3D
Voz: Tássia Reis
- “Nós Vestimos Branco”
Produção: Felipe Pizzutiello e Tássia Reis
Baixo: Felipe Pizzutiello
Guitarra e Violão: Erick Pontes
Percussões: Alex Culin
Bateria: Daniel Pinheiro
Teclas: Deusnir Souza
Voz: Tássia Reis
- “Tão Crazy” feat Theodoro Nagô
Produção/Baixo/ Beat: Felipe Pizzutiello
Guitarra: Erick Pontes
Teclas: Deusnir Souza
Beat: DJ Dedé 3D
Voz: Tássia Reis
Participação: Theodoro Nagô
- “Só um Tempo” feat Criolo
Produção: Felipe Pizzutiello e Tássia Reis
Baixo: Felipe Pizzutiello
Violão: Erick Pontes
Percussões: Alex Culin
Bateria: Daniel Pinheiro
Teclas: Deusnir Souza
Scratches/DJ: DJ Dedé 3D
Voz: Tássia Reis
Participação: Criolo
- “Sol Maior”
Produção: Felipe Pizzutiello e Tássia Reis
Baixo: Felipe Pizzutiello
Violão: Erick Pontes
Percussões: Alex Culin e Dennys Silva
Bateria: Daniel Pinheiro
Teclas: Deusnir Souza
Voz: Tássia Reis
- “Previsível”
Produção/Synth / Sampler / Guitarra: Kiko Dinucci
Baixo: Tássia Reis
Voz: Tássia Reis
- “Rude”
Produção/Beat : EVEHIVE
Voz: Tássia Reis
- “Ofício de Cantante”
Produção musical/Arranjo/Violão 6 cordas/Violão 7 cordas/Violão 12 cordas/Violão tenor/Cavaquinho : Fejuca
Percussão: Cláudio Castor, Fejuca e Dennys Silva
Programação: Nave e Fejuca
Voz: Tássia Reis
Coro e Astral: Tássia Reis, Liniker, Vitor Hugo, Kelen Lima e Jonathan Maximiano
Edição de vozes: Renato Xexeu
Engenheiro de som 1: Fejuca
Engenheiro de som 2: Lincoln Gustavo