Da esquerda para a direita: Peu Meurray, Seu Jorge e Magary Lord (Crédito foto: Vinny Campos)
- A cerimônia, que reconhece sua forte ligação com a capital baiana e sua contribuição para a cultura brasileira, foi proposta pela vereadora Cris Correia e acontece em um momento especialmente simbólico para o artista
- Recentemente, Seu Jorge lançou o álbum de inéditas “Baile à la Baiana”, uma celebração da riqueza cultural do Brasil e um marco na carreira do cantor, que se consolidou como um dos artistas mais versáteis e criativos da música brasileira
Ouça “Baile à la Baiana” em todas as plataformas digitais
Nesta sexta-feira, 25 de julho, o cantor, compositor e ator Seu Jorge será oficialmente homenageado com o Título de Cidadão Soteropolitano, concedido pela Câmara Municipal de Salvador. A cerimônia, que reconhece sua forte ligação com a capital baiana e sua contribuição para a cultura brasileira, foi proposta pela vereadora Cris Correia e acontece em um momento especialmente simbólico para o artista.
“Salvador está em Seu Jorge por diversos motivos. É uma conexão ancestral e esse novo trabalho reitera e honra nosso chão, a nossa cultura, identidade, história, lutas e, o mais importante, amplia a nossa representatividade. É Seu Jorge, é a Bahia, somos nós, com toda a nossa potência, africanidade, no mundo e em local de destaque”, afirma a vereadora.
Comovido com a homenagem, Seu Jorge ressalta a importância desse reconhecimento: “Receber esse título é uma honra que carrego no coração. Salvador é um lugar onde me sinto em casa, onde a música pulsa de forma diferente. Ter minha trajetória reconhecida por essa cidade tão rica culturalmente é um privilégio imenso. Me sinto abraçado pela Bahia, e esse título é mais um símbolo dessa conexão que sempre existiu entre nós.”
A entrega do título ocorre no mesmo ano em que o artista lançou o elogiado álbum “Baile à la Baiana”, disponível em todas as plataformas de streaming. Com 11 faixas inéditas, o disco une a musicalidade carioca às raízes baianas, criando uma sonoridade afro-brasileira rica e dançante. “Esse disco é uma junção de influências que venho acumulando ao longo dos anos, misturando minhas raízes cariocas com a força da música preta da Bahia”, contou o artista na ocasião do lançamento. “É um álbum para dançar, se divertir e celebrar a vida.”
A inspiração para o projeto nasceu justamente em Salvador, no Galpão Cheio de Assunto, um espaço cultural comandado pelo percussionista e amigo Peu Meurray. Foi ali que Seu Jorge se reencontrou com a efervescência artística da cidade e estreitou os laços com Magary Lord, parceiro em diversas composições do álbum. As colaborações com músicos como Adriano Trindade, Rodrigo Tavares, Ivan Sacerdote e a banda Conjuntão Pesadão reforçam a fusão rítmica entre Bahia e Rio de Janeiro, que atravessa todo o disco.
A cerimônia de entrega do Título de Cidadão Soteropolitano, marcada para esta sexta-feira, será mais do que uma homenagem formal: será a consagração de uma relação afetiva e cultural construída ao longo dos anos. Salvador sempre fez parte da história de Seu Jorge, e agora, oficialmente, Seu Jorge também passa a fazer parte da história de Salvador.
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Sobre Seu Jorge:
Do Gogó da Ema aos holofotes internacionais, Seu Jorge consolidou-se como um dos artistas mais influentes da cultura brasileira. Cantor, compositor, ator e multi-instrumentista, ele navega entre os universos do samba, MPB, R&B, Bossa Nova e funk, conectando gerações e fronteiras através da música e do cinema. Com uma trajetória pautada na pluralidade artística, Seu Jorge se tornou uma voz potente tanto no entretenimento nacional quanto internacional.
Nascido Jorge Mário da Silva em Belford Roxo, no estado do Rio de Janeiro, seu primeiro contato com a arte aconteceu no teatro. No início dos anos 1990, integrou a Companhia de Teatro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (TUERJ), onde participou de mais de 20 peças, incluindo “A Saga da Farinha”. Paralelamente, sua vivência na boemia carioca o levou a frequentar rodas de samba, bailes de funk e charme, criando a base para sua identidade musical.
Seu Jorge despontou para o grande público em 1997, ao fundar a banda Farofa Carioca, com Gabriel Moura e o flautista francês Bertrand Doussain, um grupo que mesclava rap, samba, MPB, soul e reggae. O álbum de estreia, “Moro no Brasil”, continha o icônico single “A Carne”, uma crítica social que se tornou um hino antirracista na voz de Elza Soares. Pouco depois, iniciou sua carreira solo e, em 2001, lançou “Samba Esporte Fino”, também conhecido internacionalmente como “Carolina”, produzido por Mário Caldato e Daniel Ganjaman. O disco firmou seu nome na música brasileira, com hits como “Carolina” e “Chega no Swing”.
Paralelamente à música, Seu Jorge encontrou no cinema uma plataforma para expandir sua arte. Sua primeira grande atuação foi como Mané Galinha em “Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles. O filme alcançou sucesso internacional, abrindo portas para sua participação em “A Vida Marinha com Steve Zissou” (2004), de Wes Anderson. No longa, Seu Jorge reinterpretou clássicos de David Bowie em português, conquistando a admiração do próprio artista britânico, que declarou: “Se Seu Jorge não tivesse gravado minhas músicas em português, eu nunca teria ouvido esse novo nível de beleza que ele as imbuiu”.
Nos anos seguintes, sua discografia cresceu, consolidando-o como um dos maiores nomes da música brasileira. “Cru” (2004) trouxe interpretações autênticas e faixas como “Tive Razão” e “Eu Sou Favela”. Seu Jorge também brilhou com “Ana & Jorge” (2005), uma parceria com Ana Carolina que imortalizou “É Isso Aí”, versão de “The Blower’s Daughter”, de Damien Rice.
No cenário internacional, conquistou a crítica com o projeto Seu Jorge & Almaz, ao lado de Lúcio Maia e Pupillo, da Nação Zumbi, e do compositor Antonio Pinto. O álbum recebeu aval de publicações como Washington Post e The New York Times. Seu álbum “América Brasil” (2008) revelou sucessos como “Burguesinha” e “Mina do Condomínio” e foi o grande vencedor do Latin Grammy de Best MPB Álbum e os álbuns “Músicas Para Churrasco Vol 1” (2012) e “Músicas Para Churrasco Vol 1 (Ao Vivo)” (2013) também venceram o Grammy Latino, na categoria Best Brazilian Contemporary Album.
O cinema continuou sendo um espaço frutífero em sua trajetória. Atuou em “Casa de Areia” (2005), ao lado de Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, “Tropa de Elite 2” (2010) e “Abe” (2019), onde interpretou um chef brasileiro. Em “Marighella” (2021), dirigido por Wagner Moura, viveu o líder revolucionário Carlos Marighella, papel que lhe rendeu prêmios internacionais como Melhor Ator no Festival Internacional de Filmes da Índia e no Bari International Film Festival. Em 2025, Seu Jorge integra o elenco de “Corrida dos Bichos”, dirigido pelo premiado cineasta Fernando Meirelles e Ernesto Solis, e “A Melhor Mãe do Mundo”, de Anna Muylaert, que teve sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro do mesmo ano.
Seu Jorge também marcou presença no streaming, estrelando séries como “Irmandade” (Netflix), “Mandrake” (HBO) e “Manhãs de Setembro” (Amazon Prime). Para ele, o crescimento das plataformas digitais possibilitou a criação de personagens mais complexos e afastados de estereótipos raciais recorrentes na TV tradicional.
Em 2023, Seu Jorge celebrou 30 anos de carreira, reafirmando sua posição como um artista sem fronteiras. Além de projetos musicais e cinematográficos, ele também é CEO da Black Service, um espaço de produção cultural voltado à valorização de artistas pretos no mercado.
No início de 2025, lançou o álbum “Baile à la Baiana”, seu primeiro de faixas inéditas em dez anos. Com 11 faixas que combinam elementos da música carioca e baiana, o novo trabalho é uma celebração da riqueza cultural do Brasil e um marco na carreira do cantor, que se consolidou como um dos artistas mais versáteis e criativos da música brasileira.
Sua influência atravessa continentes, indo do samba carioca aos palcos do Royal Albert Hall e do Madison Square Garden. Dono de um legado inestimável, Seu Jorge segue desafiando convenções e transformando a arte em uma ferramenta de diálogo e revolução.