Recente abstinência forçada das redes sociais desencadeia ansiedade e desperta gatilhos em seus usuários

A queda global das principais redes sociais da atualidade (Facebook, Instagram e WhatsApp) deixou muita gente desnorteada, principalmente os que dependem dessas plataformas de interação social para fins profissionais. Mesmo poucas horas fora do ar, a pane impactou diretamente a vida de milhares de pessoas, a ponto de fazê-las buscar alternativas parecidas que suprissem a ausência dos serviços que saíram do ar. Como é o caso do Telegram, que substitui o WhatsApp sempre que o aplicativo fica off, e do Twitter, que voltou a ser o principal local de convívio e compartilhamento de conteúdo enquanto o Instagram esteve fora do ar. A psicóloga Maria Rafart explica como essa dependência que as pessoas criaram nas redes sociais impacta diretamente na vida de cada um.

“As redes sociais são o destino favorito dos internautas de celular: nelas você se informa, compra, compara, fofoca, e, de quebra, procrastina. Muitas coisas são deixadas de lado para estar no celular. A dependência de celulares faz com que os usuários parem mais tempo do que deveriam on-line, e tenham grandes dificuldades em controlar o tempo gasto na internet”, diz a especialista.

Ainda segundo Rafart, a ausência das plataformas, que muitas vezes são usadas como uma válvula de escape das atribulações da vida real, desencadeia uma série de problemas emocionais, a começar com a ansiedade. “A abstinência forçada de ontem gerou muita ansiedade: os comportamentos de dependência de smartphones possuem as características de qualquer vício, como sentir ansiedade quando o aparelho não está disponível, e até sentimento de pânico pela impossibilidade de acessar uma rede social. A expressão veio do inglês: “no-phone-phobia”, e chegou no Brasil como nomofobia. É a fobia, o medo de não poder usar o próprio celular. Uma outra expressão, PSU, ou uso problemático de smartphones, também é utilizada para descrever o mesmo tipo de comportamento”. explica.

A psicóloga cita ‘o mal da tecnologia’: pessoas cada vez mais dependentes de aparelhos. “Não ter o telefone por perto pode gerar altas taxas de ansiedade em grande parte dos usuários. Muitos estudos apontam para cerca de 60% de usuários dependentes. Outros vão além: um estudo realizado em 2019 por professores do Centro Universitário UniAteneu concluiu que, em Fortaleza, mais de 70% dos adolescentes entrevistados tinham problemas com a dependência de smartphones”.

A solução para casos como este é muito parecida com o tratamento de outras dependências: “Diminuir a exposição aos celulares até chegar a um tempo de uso desejável e razoável. Algo que pode ajudar nesta abstinência é buscar atividades presenciais, como atividades físicas, cozinhar, fazer artesanato, arrumar armários, brincar com animais e o contato olho no olho com outras pessoas. Precisamos reaprender a conversar e interagir de forma presencial com outras pessoas, e com o mundo que nos rodeia”, aconselha Rafart.

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