Documento técnico ganha protagonismo em grandes projetos ao integrar sistemas complexos e garantir padronização na indústria
O Plano Diretor de Automação (PDA) tem se consolidado como uma ferramenta estratégica nas organizações industriais ao direcionar investimentos, garantir interoperabilidade entre sistemas e reduzir riscos operacionais.
A aplicação do PDA vem ganhando destaque em projetos de larga escala, especialmente nos setores de mineração, óleo e gás e papel e celulose, conforme aponta o engenheiro eletricista Fabio Camargo Miki, especialista em automação industrial com atuação em países como Brasil, Moçambique e México.
“O PDA funciona como um roteiro técnico e estratégico para integrar sistemas de controle distribuído, redes industriais, instrumentação e tecnologias emergentes em ambientes críticos”, explica Miki. “Sem esse planejamento, as empresas correm o risco de implantar soluções desconectadas, que não conversam entre si e aumentam o custo total de propriedade.”
De acordo com estudo da McKinsey & Company, indústrias que adotam planejamento estruturado de automação conseguem reduzir em até 20% os custos operacionais e aumentar a produtividade em até 30%, especialmente quando o PDA é implementado desde a fase de engenharia conceitual. O documento permite mapear os sistemas existentes, identificar gaps tecnológicos, definir padrões de arquitetura e planejar expansões futuras com base em critérios técnicos claros.
A experiência prática de Miki confirma os benefícios. Durante sua atuação como engenheiro sênior em projetos de mineração em Moçambique, ele coordenou um Plano Mestre de Automação que conectava mina, planta e porto. “O desafio era garantir que sistemas diferentes, de fornecedores diversos, operassem de forma integrada. O PDA foi essencial para definir padrões de interface, segurança e manutenção preventiva”, afirma.
Um dos principais impactos do PDA está na redução de riscos durante upgrades ou expansões industriais. “Já atuei em FPSOs offshore em que a ausência de um plano diretor acarretava retrabalho constante, perda de informações técnicas e falhas críticas nos sistemas de segurança operacionais”, relata Miki, que atualmente integra a equipe de controle de sistemas da MODEC no México.
Outro benefício do PDA é sua contribuição direta para a conformidade regulatória e para auditorias técnicas. Em setores regulados por normas como a ISA-95, IEC 61511 e ISO 55000, o plano diretor funciona como evidência documental da governança técnica dos sistemas de automação. “Com ele, é possível demonstrar que os processos seguem critérios robustos de segurança, rastreabilidade e eficiência energética”, diz o engenheiro.
Na visão de Miki, a elaboração do PDA deve ser liderada por uma equipe multidisciplinar, envolvendo engenharia de automação, TI industrial, manutenção e segurança de processos. “Não é um documento teórico, mas um instrumento vivo, que precisa ser revisado periodicamente para acompanhar a evolução tecnológica e as demandas operacionais”, reforça.
A expectativa é que o uso do PDA cresça ainda mais com o avanço de tecnologias como inteligência artificial, gêmeos digitais e integração OT/IT. Segundo dados da Deloitte, 64% das indústrias que já utilizam esses recursos estruturam seus projetos com base em planos diretores de automação, apontando a tendência de consolidação dessa prática como padrão de excelência operacional.
“O PDA é a espinha dorsal da automação moderna. Sem ele, as organizações perdem competitividade e enfrentam ineficiências estruturais. Com ele, é possível orquestrar tecnologia, processos e pessoas com muito mais precisão”, conclui Miki.