Num diálogo muito franco com Márcio Michelasi (educador, psicanalista e diretor presidente do Sindicato Pró-Beleza), podemos entender o porquê deste líder ser considerado, por juristas e outros membros do legislativo e executivo, como uma das grandes promessas da renovação sindical brasileira.
“Quem nunca sentiu algum arrepio ao ouvir a palavra sindicato que levante a mão”, tem sido um bordão bastante recorrente em alguns setores da sociedade.
Esta cisma ou, digamos, esta chamada crise de representação tem uma razão muito simples: o distanciamento ou desconhecimento sobre a gênese, a história e os objetivos dos movimentos das categorias profissionais ou econômicas.
É certo que a organização de pessoas em prol de um objetivo comum não tem nada de novo na história da humanidade. A passagem bíblica registrada em Êxodo é um grande exemplo disso. Ali, vemos o levante (união) do povo de Deus (Jeová) pela libertação das forças faraônicas do Egito (causa, bandeira de luta), onde o povo judeu segue o líder Moises caminho à Terra Prometida (objetivo coletivo).
Segundo Márcio Michelasi, muitas das entidades sindicais brasileiras se distanciaram de suas origens e objetivos principais, afastaram-se do verdadeiro caminho da Terra Prometida de suas categorias.
Em meio às mudanças proporcionadas pela reforma trabalhista e por medidas provisórias do governo Bolsonaro que acertaram em cheio o sustento de várias entidades sindicais laborais e patronais, é fato que o Sindicato Pró-Beleza segue hígido em seu destino; ao invés de fechar suas portas expande seu trabalho a cada dia, conquista parceiros e se fortalece como entidade referência de seu setor de beleza, cosméticos e técnicas afins.
Mas qual o segredo disso tudo? Segundo Michelasi, esta pergunta não tem uma resposta simples porque envolve a análise de um conjunto de fatores que concatenam inúmeras variáveis e acontecimentos que reconheceram, nos últimos anos, o modo de ser e fazer da categoria dos serviços de beleza, a exemplo da Lei 13.352/2016, de autoria do Deputado Ricardo Izar (SP) e texto substituto da Deputada Soraya Santos (RJ).
Nada obstante o Pró-Beleza seja uma das mais antigas instituições brasileiras (com origem no ano 1919), fundada com o nome de Sindicato dos Oficiais Barbeiros, Cabeleireiros e Similares, a entidade passou por várias transformações e unificações com outras associações e entidades sindicais (Sinta, Qualificare e Acasvap) ao longo de sua história.
“Nossa gestão não sabe o que é viver estabilizada por arrecadação de imposto sindical. Inúmeras foram as barreiras ao longo da consolidação de organização e quando concluímos nosso processo de unificação perante o antigo Ministério do Trabalho (atual Ministério da Economia) o imposto sindical já estava em extinção”, afirma o Márcio Michelasi.
Michelasi, orgulhando-se de sua equipe e dos percalços do caminho, afirma que “todas essas dificuldades, todas essas barreiras, todas essas pedras colocadas no caminho de nossa gestão impulsionaram a instituição Pró-Beleza a aproximar-se ainda dos profissionais e trabalhadores, ouvindo suas demandas e deste contato com a sua base foi possível pensar em soluções inovadoras, tornando-se um canal de prestação de serviços, de cooperativa e de cursos de capacitação”.
Sem medo de polêmicas, Michelasi também afirma que “infelizmente, muitas entidades sindicais brasileiras, assim como os músculos que não são exercitados, enfraqueceram-se por ficarem longe de suas bases (aqueles que sustentam toda a estrutura) e, por fim, afundaram-se em escândalos envolvendo casos de registros sindicais espúrios, desvios de finalidade, dentre tantas outras centenas de casos e inquéritos que tramitam no poder judiciário”.
Finalizando, arremata: “o Pró-Beleza representa uma nova forma de organização sindical brasileira, cujos membros (trabalhadores) sustentam seus lares com um modelo de empreendedorismo próprio do brasileiro, um modelo que não vem das vãs tecnocracias de plantão (encartilhadas de arrogância), mas que nasce da fusão da inexorável sobrevivência nordestina com a clássica guerrilha dos pampas, que permeia pela sagacidade do matuto à magia do povo amazonense e que, ao final, tudo isso é regado à contemporaneidade urbanoide das grandes metrópoles que derrogam com inteligência os mi-mi-mis dos líderes sindicais e filósofos de plantão que continuam, acéfalos, chorando pela perda da velha mamata porque, ludibriados, delegaram – a terceiros desinteressados – a negociação dos direitos trabalhistas e econômicos de seus grupos”.
Márcio Michelasi que diz odiar rótulos é, sobretudo, um trabalhador e empreendedor irreverente, sempre presente em todos os movimentos sociais e artísticos do setor da beleza. Nele, mais especificamente em suas ideias, podemos ver claramente um misto do velho e do novo sindicalismo. É um líder mestiço que faz questão de enfatizar que possui sangue de nordestinos, indígenas e paulistanos-italianos. Márcio Roberto Silva Michelasi Rigotto é um retrato do povo brasileiro que não desiste nunca, pois sabe o que é ascender da favela ao mercado de luxo, exaltando um admirável sentimento de justiça quando o assunto é defender os direitos e interesses daqueles que trabalhadores que representa.
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