Gabriele Leite lança novo disco “Gunûncho”, só com compositoras, pela Gravadora Rocinante

Foto: Lucca Mezzacappa

Violonista revisita compositoras consagradas e apresenta peças autorais pela primeira vez. O álbum será lançado em LP e nas principais plataformas no dia 18 de novembro.

Nesta quarta, 18, a violonista Gabriele Leite lança seu segundo disco, Gunûncho, pela Gravadora Rocinante. O álbum estará disponível em vinil e nas plataformas digitais, reunindo obras de quatro compositoras que, embora não fossem violonistas, dedicaram peças marcantes para o instrumento: Chiquinha Gonzaga, Lina Pires de Campos, Tania León e Thea Musgrave.

“O Gunûncho é a memória da voz interior. Gunûncho foi a palavra escolhida por minha mãe, carinhosamente, ao nomear a minha mantinha de bebê (naninha), carregada por mim em todos os momentos: sem exceções. Com o Gunûncho em meu rosto, eu me sentia como se estivesse em um lugar de acalanto, o tato do paninho de crochê colorido em tons pastéis. O Gunûncho me acompanhou quando criança e, hoje, retorna como símbolo de uma reconexão”, define Gabriele Leite.

Grande parte da escrita dessas autoras parte de outros instrumentos como referência, mas neste novo trabalho Gabriele escolheu peças que exploram o potencial expressivo do violão. O repertório traz peças compostas ou dedicadas a intérpretes do instrumento, ampliando a escuta sobre como compositoras de diferentes tempos e lugares dialogaram com o violão.

“Celebrar mulheres compositoras amplia a escuta de repertório. Essa escuta é uma provocação: feche os olhos, cada nota que você ouvirá são mulheres dizendo “a nossa música não é aquilo que você quer que ela seja”. A produção dessas mulheres passaram por desafios inimagináveis. Pensar que elas não tiveram a escolha de se expressar no seu mais íntimo lugar, faz o ouvido ficar ainda mais afiado e atento”, avalia Gabriele.

A escolha reflete uma busca pela diversidade. No eixo internacional, a cubana Tania León, radicada nos Estados Unidos, aparece com Paisanos Semos!, a obra talvez mais dissonante e radical do disco.. Já a escocesa Thea Musgrave, de ampla produção camerística e orquestral, contribui com obras que reforçam a riqueza de compositoras ainda vivas e ativas. No eixo brasileiro, estão a pioneira Chiquinha Gonzaga, referência incontornável da cultura nacional, e Lina Pires de Campos, influenciada por Camargo Guarnieri e voz importante da música de concerto do século XX. O disco ainda conta com composições da própria Gabriele.

Para Gabriele, este projeto “celebra o legado de mulheres compositoras não violonistas que, de alguma forma, durante suas vidas tiveram um encontro com esse instrumento tão belo e difícil de compor. Permite difundir novas escutas e trazer gravações inéditas, como as serenatas de Thea Musgrave”.

Se no primeiro álbum o foco estava na interpretação, Gunûncho marca uma virada. “O nome sugere um ‘desmame’ de narrativas amarradas e um olhar mais afetivo em diferentes camadas. É uma história de amadurecimento e de abrir caminhos para novas facetas minhas como intérprete, arranjadora e compositora. Esse último ponto, a composição, não estava presente antes. Eu vinha há alguns bons anos tentando amadurecer a ideia de compor e, num inverno em Nova Iorque em 2023, o lapso criativo apareceu de forma natural e intuitiva”, conta.

O resultado é um disco que convida à escuta íntima e acolhedora. “Eu diria que num sábado de manhã pós-café seria o momento ideal para ouvir, mas cabe também numa sexta-feira à noite antes de dormir. É um álbum para relaxar e se envolver em cada faixa. Tudo foi pensado para desconstruir certas rigidezes da performance e se tornar algo mais pessoal”, afirma Gabriele.

A construção coletiva também atravessa o projeto. A produção musical é de Erika Ribeiro, com direção artística da Gabriele com Sylvio Fraga. Gabriele destaca ainda a colaboração da mãe, Edelzuita Leite, que batizou sua naninha de infância com o nome Gunûncho, inspiração para o título; de sua companheira, Vitória Cardoso, produtora que apoiou o processo de repensar padrões; e do amigo e poeta Pedro Mattos, junto à empresa Mattiz, que contribuiu no processo criativo.

Gabriele Leite – Gunûncho (Gravadora Rocinante – 2025)

Lado A
Lina Pires de Campos (10min37s)
Ponteio e Toccata (02’23”)
Prelúdio: No.1 (1’59”)
No.2 (2’11”)
No.3 (1’14”)
No.4 (2’28”)
Tania Leon (4:14)
Paisanos Semos

Lado B
Thea Musgrave (8min8s)
Postcards from Spain Five Serenades for solo guitar
I. Cantaor (Triana) (1’18”)
II. Starlight on Compostela (Santiago de Compostela) (2’10”)
III. Trovador (Segovia) (2’22”)
IV. Reflecting Pools in the Alhambra (Granada) (2’18”)
Chiquinha Gonzaga (6min29s)
Não se impressione (2’17”)
Lua Branca (2’56”)
Corta Jaca – Gaúcho (1’56”)
Gabriele Leite (1min30s)

Nano-estudos
I. Gunûncho
II. Maracatu
III. Jongo

Sobre Gabriele Leite

Gabriele Leite foi a primeira violonista clássica a integrar a lista Forbes Under 30, em 2020. Radicada em Nova Iorque (EUA), onde cursa o doutorado em Performance Musical na Stony Brook University, vem construindo uma trajetória marcada por conquistas inéditas e crescente reconhecimento internacional.

É bacharel em Música pelo Instituto de Artes da UNESP e mestre com honras pela Manhattan School of Music. Ao longo da carreira, participou de importantes festivais e competições no Brasil e no exterior, consolidando sua presença no cenário internacional.

Em 2023, lançou seu álbum de estreia, Territórios, pela gravadora brasileira Rocinante. Desde então, tem realizado turnês pelo Brasil, Estados Unidos e Europa. Em 2024, foi indicada ao Prêmio da Música Brasileira na categoria Artista Revelação e, em 2025, participou do festival Músicas do Mundo, em Sines (Portugal), além do festival Psicotrópicos, onde abriu o show de Hermeto Pascoal e Grupo, na Holanda.

Patrocinada pela Augustine Strings desde 2020, Gabriele Leite se firma como um dos nomes mais promissores do violão clássico contemporâneo.

Sobre a Rocinante:

Criada em 2018, em Petrópolis, a Rocinante é uma gravadora e fábrica de discos de vinil que se dedica ao lançamento de álbuns em vinil e em formato digital. Seu catálogo, de alta qualidade, dá ênfase à canção e à música instrumental brasileira, construindo uma identidade singular no cenário musical.

O vinil produzido pela Rocinante traduz um som especial — sem compressão — e se torna um meio essencial para cumprir o propósito da gravadora: expressar a singularidade e as intenções estéticas de cada artista. “Nossa bússola é a comoção diante do que ouvimos. Atuamos principalmente nos campos da canção e da música instrumental brasileiras. Lançamos os discos em vinil, prensados em nossa própria fábrica com prensas modernas Newbilt, e também em formato digital”, afirma Sylvio Fraga, Diretor Artístico e um dos fundadores da Rocinante.

O nome da gravadora remete ao cavalo de Dom Quixote, personagem de Cervantes — um símbolo de aventura e ousadia que define bem a trajetória da Rocinante. Entre os artistas representados estão nomes como Jards Macalé, João Donato, José Arimatéa, Nelson Angelo, Marcelo Galter, Bernardo Ramos, Erika Ribeiro, Ilessi, Thiago Amud, Letieres Leite + Quinteto / Orquestra Rumpilezz, Gabriele Leite, Sergio Krakowski e o próprio Sylvio Fraga.

Ficha Técnica

Direção artística: Gabriele Leite e Sylvio Fraga
Produção musical: Erika Ribeiro
Direção musical: Gabriele Leite e Erika Ribeiro
Gravação: Arthur Damásio e Flávio Marcos Batata
Mistura: Arthur Damásio
Masterização: Arne Schumann
Coordenação artística: Jhê
Coordenação técnica: Flávio Marcos Batata
Fotografias: Lucca Mezzacappa
Direção executiva: Bruno Vieira
Direção de produção: Geraldinho Magalhães
Produção executiva: Alessandra Ramalho e Raquel Cardoso
Produção local: Alethéa Perdigão