Estratégia, processos e comunidade: os pilares que estão transformando a comunicação da moda brasileira

Em um setor que movimenta R$ 230 bilhões ao ano, Beatriz Illipronti, fundadora da Moda Comunica, aposta em método próprio e mostra cases que comprovam: sair do improviso é a chave para crescer

O Brasil ocupa a quarta posição mundial na indústria da moda, movimentando mais de R$ 230 bilhões por ano e sendo responsável por quase 5% do PIB industrial, segundo a ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). O setor emprega 1,5 milhão de pessoas diretamente e mais de 8 milhões indiretamente, configurando-se como uma das principais engrenagens da economia criativa. Apesar da força, ainda persiste um gargalo: a comunicação de muitas marcas é feita no improviso, sem estratégia clara, processos estruturados ou consistência digital.

É justamente essa lacuna que Beatriz Illipronti, estrategista digital e fundadora da Moda Comunica, decidiu transformar. “A moda brasileira é extremamente criativa, mas falta método. Muitas marcas crescem rápido, mas travam quando precisam se consolidar porque a comunicação não acompanha o negócio. Meu papel é mostrar que comunicação não é só estética: é ativo estratégico”, afirma.

Com experiência no marketing de grandes varejistas e anos de atuação independente, Beatriz criou o Método 3C (Comunidade, Curadoria e Conteúdo). O modelo estrutura a comunicação de forma que ela deixe de ser apenas atraente visualmente para se tornar sustentável e escalável.

  • Comunidade: transformar seguidores em pessoas engajadas que se identificam com os valores da marca.

  • Curadoria: selecionar e traduzir com estratégia o que será comunicado, alinhando produto, propósito e narrativa.

  • Conteúdo: manter consistência, garantindo autoridade e posicionamento sólido no digital.

“Muitas vezes a marca acha que precisa só de um calendário de posts. Mas se não existir estratégia por trás, ela vai continuar girando em falso. O 3C foi criado exatamente para dar clareza e consistência a esse processo”, explica Beatriz.

Cases que ilustram a transformação

Os resultados aparecem em marcas de diferentes portes. A SML, do Brás, iniciou a parceria em 2022 com 144 seguidores e pouca presença estratégica no digital. Hoje, ultrapassa 240 mil seguidores e tem a comunicação liderada pela Moda Comunica, que atua desde a criação de conteúdo até a direção artística de campanhas.

A Linda de Morrer, marca consolidada, confiou à agência em 2024 o desafio de multicanalizar sua comunicação (Instagram oficial, Instagram atacado e Pinterest). Um dos diferenciais foi a criação de conteúdos de curadoria: ao lançar uma coleção inspirada no Japão, a Moda Comunica desenvolveu narrativas que contextualizavam a cultura por trás da coleção, aumentando o engajamento e o envolvimento do público.

Na Pontal Calçados, rede popular de São Paulo, o desafio era revitalizar um perfil com 60 mil seguidores e baixo engajamento. Após o reposicionamento, a marca ultrapassou 90 mil seguidores, conquistando uma comunicação mais próxima, engajada e conectada ao consumidor.

Já no atacado, o Shopping Mariá teve sua comunicação reposicionada para destacar identidade e valor, atraindo lojistas e consolidando uma narrativa mais forte no digital.

Impacto coletivo

Para Beatriz, esses casos individuais fazem parte de um movimento maior.

“Quando cada marca profissionaliza sua comunicação, todo o setor ganha. Isso significa mais competitividade, mais empregos e mais impacto para a economia criativa. O mundo já reconhece a criatividade da moda brasileira. Agora é hora de mostrar também nossa capacidade estratégica”, conclui.