Estima-se que 0,5% a 1% da população mundial sofra com disforia de gênero, afirma o Pós PhD em neurociências Dr. Fabiano de Abreu Agrela
Após a influenciadora e youtuber Maya Massafera ter sofrido uma crise de disforia no Festival de Cannes, na França, pouco tempo após revelar publicamente o resultado da sua transição de gênero levantou vários debates na internet sobre o que seria a disforia e suas causas.
Nas redes sociais, Maya revela que passou um ano em transição em segredo e que sofre de disforia, mas que está muito feliz com a transição: “Hoje quero falar sobre minha disforia e como eu gostaria que vocês pegassem esse exemplo e levassem pra vida de vocês!!! […] Fiquei quase 1 ano me transicionando, sem ter vazado nada”.
O que é disforia de gênero?
De acordo com o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em neurociências e autor do estudo “Disforia de gênero, multidisciplinaridade e neurociências: Uma visão ampliada sobre o tema”, em parceria com o mestre em neurociências Dr. Francis Moreira e o bacharel em medicina Dr. Bruno Loser, a disforia é o não reconhecimento de características do seu sexo biológico.
“A disforia de Gênero (DG) é uma condição em que a pessoa sofre uma discordância entre seu sexo biológico e sua identidade de gênero. Diversos sistemas reconhecem a importância do apoio médico e psicológico para essas pessoas, incluindo a possibilidade de tratamento com terapia de reorientação de gênero e/ou cirurgia de mudança de gênero”.
“Mas existem críticas aos sistemas de classificação, argumentando que rotular a disforia de gênero como transtorno pode perpetuar a discriminação e o estigma em relação à comunidade trans”, explica.
O que fazer em casos de disforia?
A disforia, no caso de Maya, continua mesmo depois da transição de gênero, o que reforça a necessidade de um acompanhamento multidisciplinar para pessoas com a condição antes, durante e depois do processo.
“Uma abordagem multidisciplinar e baseada em evidências é essencial para entender e tratar a disforia, não basta apenas a assistência de um único profissional, mas sim um tratamento mais amplo, com psicólogos, psiquiatras, neurocientistas, etc., para auxiliar o paciente a atingir uma identidade de gênero coerente”.
“Existem evidências científicas de que há alterações neuroanatômicas e neurofuncionais em pessoas com disforia desde o nascimento, como diferenças na formação de feixes nervosos e na atividade dos neurotransmissores, o que ajuda a diminuir o preconceito e estigma sobre quem duvida dessas alterações estruturais”, afirma Dr. Fabiano.