(Público acompanha a apresentação dos dados da pesquisa Cultura nas Capitais, em São Paulo. Crédito: Luis Benedito / Fundação Itaú)
- Estudo contou com 19.500 entrevistas presenciais em todas as 26 capitais e no Distrito Federal; Press releases, entrevistas e contatos para a imprensa e produtores de conteúdo: aqui
- Resultados, metodologia, infográficos e relatórios completos: www.culturanascapitais.com.br
Dados inéditos da pesquisa Cultura nas Capitais traçam um retrato detalhado do comportamento cultural dos moradores das 27 capitais brasileiras. O levantamento mostra que, embora o interesse por museus e locais históricos seja alto, as barreiras de acesso ainda mantêm parte significativa da população distante desses espaços.
Segundo a pesquisa, apenas 27% dos moradores das capitais foram a museus ou exposições nos 12 meses anteriores ao levantamento, enquanto 36% afirmaram nunca ter ido a esse tipo de atividade cultural. Por outro lado, os dados mostram que há um público reprimido expressivo: entre quem não foi, 27% manifestam alto interesse em visitar museus, o que poderia dobrar o acesso total para 54%, caso esse grupo fosse de fato mobilizado.
O principal motivo apontado para não frequentar museus é falta de tempo (44%), seguido por falta de dinheiro (19%). Outros fatores, como distância, falta de companhia, pouca informação ou costume também foram mencionados pelos entrevistados.
Entre aqueles que visitaram museus, “aprender” é a principal razão, citada espontaneamente por 44% dos entrevistados. A pesquisa também revela que a maioria dos visitantes vai acompanhada — principalmente com crianças (35%) ou em casal (20%) — e dois terços não pagaram ingresso na última visita.
Esses são alguns dos dados revelados nesta terça-feira (09/12), em evento no Museu do Futebol, pela pesquisa Cultura nas Capitais, maior levantamento sobre o tema já produzido no Brasil, que analisou o comportamento dos moradores das 26 capitais e do Distrito Federal.
A pesquisa da JLeiva Cultura & Esporte ouviu 19,5 mil pessoas em todas as capitais brasileiras e conta com patrocínio do Itaú e do Instituto Cultural Vale por meio da Lei Rouanet, Lei Federal de incentivo à Cultura do Ministério da Cultura. O projeto também tem a parceria da Fundação Itaú. A pesquisa de campo foi feita pelo Datafolha.
Escolaridade e renda determinam acesso
A pesquisa confirma que a visita a museus é fortemente associada a níveis de renda e escolaridade:
- 45% dos entrevistados com ensino superior completo ou em andamento foram pelo menos uma vez a museus ou exposições nos 12 meses anteriores à pesquisa, contra apenas 9% entre quem tem até o ensino fundamental;
- Entre pessoas da classe A, 49% visitaram museus, enquanto nas classes D/E apenas 10% tiveram acesso.
A idade também influencia: 34% dos jovens (16 a 24 anos) visitaram museus ou exposições, quase o dobro dos idosos (19%).
Sul, Sudeste e Norte concentram os maiores índices de visitas
O acesso é desigual entre as regiões brasileiras. As capitais do Sul e Sudeste registram os melhores resultados: Florianópolis (37%), Porto Alegre (36%), Rio de Janeiro (35%), Curitiba (34%) e São Paulo (32%) estão acima da média nacional (27%). No Norte, Belém se destaca com 35%, também com resultados superiores à média nacional, e Manaus e Amapá (27%) estão dentro da média.
Museus são destinos turísticos importantes
A pesquisa demonstra que a visita a museus é também um forte vetor de turismo cultural. A quem foi a um museu ou exposição nos 12 meses anteriores à entrevista, a pesquisa perguntou qual foi o último que visitou. As respostas mostram a importância dos museus para o turismo: muitos entrevistados citaram museus de outras cidades. Os citados em mais cidades foram:
- Museu do Amanhã (18 capitais, além do Rio de Janeiro)
- MASP (17 capitais, além de São Paulo)
- Museu do Ipiranga (17 capitais, além de São Paulo)
- Pinacoteca de São Paulo (11 capitais, além de São Paulo)
- Museu Oscar Niemeyer (8 capitais, além de Curitiba)
As capitais que mais receberam “turistas museológicos” foram São Paulo (ao menos 1 museu da cidade citado nas 26 outras capitais), Rio de Janeiro (ao menos um museu citado em outras 23 capitais), Recife (17), Curitiba e Salvador (15), Fortaleza (13), Brasília e Belém (12).
“Os resultados deixam claro como os museus e as exposições são fatores importante para o turismo. Em algumas capitais, como Vitória, Goiânia e João Pessoa, mais da metade das pessoas mencionaram um museu de outra cidade como o último que visitaram”, afirma João Leiva, coordenador da pesquisa.
Metodologia
Na edição atual da pesquisa Cultura nas Capitais foram ouvidas 19.500 pessoas, moradoras de todas as capitais brasileiras – as 26 estaduais, além de Brasília – com idade a partir de 16 anos, de todos os níveis socioeconômicos, entre os dias 19 de fevereiro e 22 de maio de 2024. As pessoas foram abordadas pessoalmente em pontos de fluxo populacional. Ao todo, os pesquisadores foram distribuídos por 1.930 pontos de fluxo (entre 40 e 300 por capital), em regiões com diferentes características sociais e econômicas. Os entrevistados respondiam até 61 perguntas, além das relacionadas a características sociais e econômicas (como escolaridade, cor da pele etc.). O instituto responsável pelo estudo é o Datafolha.
Além da pergunta sobre renda, a pesquisa também adotou o Critério Brasil de Classificação Econômica, um instrumento de segmentação econômica que utiliza o levantamento de características domiciliares (presença e quantidade de alguns itens domiciliares de conforto e grau de escolaridade do chefe de família) para diferenciar a população em classes: A, B, C, D ou E (Fonte: ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa).