Desde pequeno nunca me encaixei muito no mundo masculino. Quem foi uma criança gay, sabe bem como era. Na hora da brincadeira, sempre preferia os papéis femininos, me vestia com roupas das minhas tias, da minha avó, de forma escondida, nunca em minha casa mesmo. Nunca me vi brincando como um menino realmente. Brincava com barbies e amaaava, achava muito melhor do que Max Steel, por exemplo.
É claro que eu não tinha a imagem da drag queen formada na minha cabeça, até porque nunca tive contato quando era pequeno. Eu me inspirava no feminino, mas faltava algo, sabe? As aulas de ballet e jazz quando eu tinha 8 anos me ajudaram muito a descobrir a minha essência. Além disso, o teatro também foi um grande divisor de águas para que eu soubesse quem eu sou.
Eu me lembro de um episódio, que depois da escola brincar com uma amiguinha minha. Eu tinha 10 anos e era pura inocência, então, levei uma barbie na mochila. Lembro que as crianças da sala abriram minha mochila, viram a Barbie e então eu apanhei muito. Foi o meu primeiro contato com a homofobia, muito cedo, né?!
Na minha infância e adolescência sempre tive um bloqueio muito grande em relação a minha família. Sempre fui muito barrado pelos meus trejeitos, falas, para que eu me encaixasse no padrão que um menino deveria estar. E quando isso acontece, é terrível a sensação de solidão. Mas, ainda bem que fui abraçado por outras pessoas da família, meus amigos e as mães deles.
Quando eu tinha 14 anos, comecei a fazer um curso para cabeleireiros, a situação financeira não era boa e eu precisei começar a trabalhar. Depois de um bom tempo, quando eu já tinha o meu próprio salão, eu pensei: Por que não juntar tudo? Até porque eu já dançava, fazia cabelo, maquiagem, atuava… Então juntei tudo e o resultado foi: A Brennah Satiez que vos fala!
Minhas inspirações? A Barbie que eu sempre admirei, Beyonce, Rihanna, Lady Gaga, e outras divas do pop. Então aquilo que antes não passava de algumas brincadeiras na infância, foi aflorando. O que antes era um pano na cabeça, virou uma peruca. Comecei a me maquiar, fazer looks diferenciados e ia para as festinhas assim.
É claro que não foi fácil, mas hoje eu entendo que cada perrengue que eu passei me tornou mais forte. A pessoa que eu sou hoje enxerga a vida de uma forma diferente. Quero ser melhor tanto pra mim quanto pra outras pessoas, sabe? Não adianta querer retrucar o que passei com ódio. Prefiro espalhar o amor, e acho que Drag é isso: Fraternidade! Gosto de abraçar, ajudar as pessoas! Eu não me vejo trabalhando em outra coisa que não seja como Drag Queen, bailarino e ator.
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