Caso irmãs Liberato: Psicóloga fala do perigo do consumo na formação das identidades dos jovens

O vazamento de um vídeo das gêmeas Sofia e Marina Liberato, filhas do apresentador Gugu Liberato, trouxe à tona um entrave das duas adolescentes contra a tia, Aparecida Liberato, nomeada como a inventariante da fortuna deixada pelo comunicador. Entre as reclamações das meninas de 17 anos estava a negativa da tia à Sofia, quando a jovem pediu para comprar um veículo Porsche. Segundo a psicóloga Maria Rafart, o desabafo de Sofia expõe bem o confronto dos jovens com a autoridade, além de mostrar a relação deles com limites.

“O vídeo mostra algumas coisas no que diz respeito a este confronto das jovens com a autoridade, e com os limites impostos. Se as meninas fossem mais velhas, mesmo estando sujeitas às mesmas pressões e lutas judiciais de administração de suas heranças, é provável que a sua fala fosse diferente.
São típicos de quem ainda não adentrou a sua fase adulta a referência das meninas a mesadas, idas à praia ou o primeiro carro. Que mal tem isso? Nenhum. Salvo que é um sinal de que, ao ver-se em meio a uma disputa financeira que desqualifica a própria mãe, elas podem estar com padrões interpessoais de identidade muito vinculados ao consumo de bens”, diz a especialista.

A psicóloga também cita a importância de impor limites nas vontades dos jovens. “Os jovens passam pela adolescência em busca de suas várias identidades, e deveriam adentrar a fase adulta com a maior parte delas já estabelecida. A adolescência é uma manifestação de uma série de sintomas do jovem, em busca das tais identidades.
Para saber quem será na vida adulta, o jovem quer experimentar, deseja fazer parte de grupos, e geralmente nega as manifestações de autoridade que lhe sejam contrárias. Mas o jovem precisa da autoridade. O corte, mesmo que seja para confrontar, é fundamental para dar ao ego o devido tamanho no futuro”.

E alerta para o perigo, caso não haja esse controle. “A boa saúde mental traz um equilíbrio entre o ser e o ter. Quando há falta de autoridade (e pode ser o caso das adolescentes, que podem não reconhecer ninguém como tal), pode ser que elas reafirmem a sua identidade através das condições financeiras ou da posse de bens. Isso pode ser perigoso, porque coisas, por mais valiosas que sejam, dificilmente preenchem buracos internos, que só outros valores podem preencher”.