Pacientes precisam considerar que a evolução da doença pode levar a um índice de mais de 30% de infertilidade quando evolui sem o tratamento adequado
Adiar os planos da maternidade é uma realidade crescente para as brasileiras segundo o levantamento mais recente do IBGE, que mostra que cerca de 35% dos nascimentos registrados no Brasil já são de mães que têm 30 anos ou mais. Apesar dessa tendência, que vem sendo observada em todo o mundo, médicos alertam para a importância de se preparar para a maternidade anos antes, evitando problemas no futuro.
Um dos problemas que pode pegar desprevenidas as mulheres que postergaram a gravidez é a endometriose. A doença afeta cerca de 10% da população feminina e, muitas vezes, é silenciosa ou tem os sintomas negligenciados, como alerta a médica ginecologista e presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva (SBE), Dra. Helizabet Salomão Abdalla Ayroza Ribeiro.
Quando não é tratada adequadamente, a endometriose leva à infertilidade em mais de 30% das mulheres diagnosticadas com a doença.
Dra. Helizabeth explica que, no útero saudável, a cada ciclo menstrual, cresce um tecido chamado endométrio, que prepara o órgão para receber o embrião. Quando não ocorre a concepção, esse tecido é eliminado pela menstruação. “Nas pacientes com endometriose o endométrio cresce também em outras partes do organismo, principalmente na cavidade abdominal, junto a órgãos como ovários, trompas, intestinos e bexiga. Essas alterações provocam um processo inflamatório no aparelho reprodutivo feminino que, com o passar do tempo, provocam alterações anatômicas e levam a uma dificuldade em engravidar”, afirma.
Ela explica que muitas pacientes só descobrem que têm endometriose quando começam a tentar engravidar e têm suas tentativas frustradas. “Se essas tentativas só ocorrem numa idade mais madura, a chance de a doença se encontrar em um estágio avançado é maior”, afirma.
Por isso, a médica recomenda que as mulheres devem fazer visitas periódicas ao ginecologista, relatar qualquer sintoma e não se aceitar respostas como “cólica é normal”.
“Dores na relação sexual, cólicas, dores pélvicas, nada disso é normal. Quanto antes a paciente receber o diagnóstico, mais cedo conseguirá iniciar o tratamento e maior será a chance de sucesso”, enfatiza. “No caso das pessoas que não têm nenhum sintoma, mas que pretendem engravidar no futuro, também é importante conversar sobre isso com o ginecologista desde novas. Assim, o médico pode pedir exames, dar orientações, acompanhar a paciente ao longo dos anos e contribuir para aumentar as chances de uma gravidez bem-sucedida, descobrindo e tratando qualquer problema com antecedência”.