Adepto do ‘funk consciente’, MC faz homenagem a Paraisópolis

O paulistano Robson Gonçalves, de 23 anos, mora no Jardim Capela, bairro depois do Capão Redondo, rumo ao extremo Sul da capital paulista. Mais conhecido como MC Robs, ele estava no baile da DZ7, em Paraisópolis, na madrugada de domingo, 1º de dezembro, que terminou com a morte de nove jovens com idades entre 14 e 23 anos.

A tragédia — que ocorreu após um tumulto desencadeado por uma perseguição policial a bandidos que entraram na favela — levou o cantor a escrever o funk “Favela Pede Paz”. A música ficou pronta em um dia. “Foi um desabafo”, diz o artista. Até agora, o clipe teve mais de 2 milhões de visualizações na internet, incluindo os canais de funk. No Youtube, já passaram das 65 mil.

MC Robs chegou ao baile de Paraisópolis por volta das 2 horas da manhã. Sem show naquela noite, foi apenas para “curtir” e acompanhar uma prima que namora com um rapaz de lá. “Também fui para ouvir o que a galera está curtindo. Faz parte do trabalho”, afirma. Pouco depois das 3 horas, começou a correria. “Só deu tempo de me esconder em um canto de um estacionamento”, relatou a Veja. Quando a gritaria diminuiu, Robson foi embora correndo. Só descobriu a tragédia na tarde de domingo, ao acordar.

 

Além do pavor de descobrir que oito pessoas haviam morrido (a nona vítima faleceu um dia depois), Robs ficou prostrado ao ler comentários nas redes sociais, que culpavam os jovens mortos. “Vi gente dizendo que eles só encontraram o que procuraram; que se não estivessem na favela não teriam morrido. Isso me bateu muito forte. Pensei em responder, mas decidi escrever uma música”, disse.

Robson já trabalhou como pegador de bolinha de tênis em um dos clubes mais caros de São Paulo. Também foi ajudante de cozinha de uma rede de fastfood de churrasco, até o primeiro funk “Bolado de Mil Grau’ viralizar e lhe render o convite de uma produtora. A música fala do universo de dificuldades, mas também de diversão da maior parte dos jovens da periferia.

O sucesso, porém, ele descobriu que não é nada fácil. Os shows não apareceram na quantidade que ele imaginava. O segundo hit demorou a emplacar, e só veio com “DNA”, que fala de uma mulher que tenta dar o golpe da barriga em um MC. “Eu gosto mesmo é de funk consciente, mas esse tipo é mais difícil emplacar”, diz.

No mês de Janeiro, MC Robs estampou a capa da revista eletrônica do portal de noticias egobrazil.com confira

Foto: EGOBrazil – Divulgação