A força silenciosa da beterraba

*Por João Henrique Schumaikel

Quando penso na importância dos alimentos funcionais no nosso dia a dia, a beterraba sempre me vem à mente. Por trás da cor intensa e do sabor marcante existe um alimento de altíssimo valor nutricional, muitas vezes subestimado. No campo e na mesa, ela representa um equilíbrio entre simplicidade e potência, uma combinação que aprendi a valorizar ao longo da minha trajetória no agronegócio.

Desde que iniciei minha caminhada profissional, ainda no setor público em 1998, aprendi a observar a natureza com atenção e respeito. A beterraba é um exemplo claro de como o solo, o manejo e a genética certa podem transformar um produto comum em algo extraordinário. No setor hortícola, o desenvolvimento de novas variedades, mais resistentes, mais doces e mais ricas em nutrientes, é o que sustenta o avanço da agricultura moderna.

A beterraba é fonte natural de ferro, potássio, magnésio e antioxidantes. Poucos sabem, mas ela também contém nitratos que ajudam a melhorar o fluxo sanguíneo e, por consequência, a oxigenação do corpo. É um alimento aliado da saúde cardiovascular e da disposição física, tanto que tem sido estudado até por atletas de alta performance. Isso mostra que a agricultura e a ciência estão cada vez mais conectadas na busca por qualidade de vida.

Nos últimos anos, percebo uma mudança importante no comportamento do consumidor brasileiro. Há um interesse crescente por alimentos com propósito. As pessoas querem saber de onde vem o que comem, como é produzido e quais benefícios reais isso traz à saúde. É nesse ponto que entra o papel do produtor rural e das empresas que trabalham com genética hortícola, transformar conhecimento técnico em bem-estar para quem consome.

Em minha empresa, sempre buscamos novas genéticas que ampliem o valor nutricional e o sabor dos alimentos. Assim como ocorre com o tomate tipo grape, que conquistou as crianças pelo formato e pela doçura, vejo potencial para que a beterraba ocupe um espaço ainda maior nas mesas brasileiras. Novas variedades, com coloração intensa e textura mais suave, já vêm sendo desenvolvidas com foco tanto na produção sustentável quanto na experiência sensorial.

Produzir beterrabas melhores não é apenas uma questão de produtividade, mas de propósito. É contribuir para que o alimento que chega ao prato seja resultado de pesquisa, tecnologia e respeito ao campo. O agronegócio tem esse papel social de alimentar e educar, mostrando que cada semente plantada é também um investimento em saúde pública.

Acredito que o futuro da horticultura está justamente nessa integração entre sabor, ciência e consciência. E, nesse cenário, a beterraba é um símbolo poderoso. Humilde na aparência, mas grandiosa nos resultados, ela ensina que, assim como na agricultura, o que realmente faz diferença está debaixo da superfície, na raiz, onde tudo começa.

*João Henrique Kozlik Schumaikel soma 27 anos de experiência no agronegócio e está à frente de uma empresa brasileira que atua no comércio de sementes e insumos agrícolas. Com atuação consolidada em quase todos os estados e relações comerciais com fornecedores de 15 países, o empresário agora projeta uma expansão estruturada para os Estados Unidos, de olho no crescimento da demanda por alimentos com valor nutricional diferenciado.