– Por Wiliam Régis, nutricionista, diretor científico da DF Medica Brasil e doutor em Biologia Funcional e Molecular
Ouvimos muito falar sobre a importância do diagnostico precoce de vários tipos de câncer para que o tratamento possa ser mais eficaz e assertivo. No caso do câncer de mama, não é diferentes, quando antes a doença é descoberta maiores são as chances de cura. A doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a primeira ou segunda causa de morte por câncer feminino em 95% dos países.
Entretanto, a realidade é que o diagnóstico precoce dos cânceres de mama e de ovários continua sendo uma batalha desafiadora. Embora sejam passíveis de cura, manifestam-se de maneira silenciosa até atingir um ponto mais agressivo para o organismo. Com isso, encontrar exames preditivos para essas doenças acaba sendo uma das prioridades dos cientistas.
Hoje em dia, a maioria dos testes genéticos disponíveis no mercado destinam-se a detectar mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, atuando de maneira predominantemente “diagnóstica” para o risco de desenvolvimento de câncer. Além disso, são realizados somente quando as pacientes já apresentam sintomas que levam à suspeita de câncer.
Conforme mergulhamos nos estudos sobre o câncer de mama e de ovários, que estão em constante evolução, é essencial compreender as dificuldades que as mulheres enfrentam quando se trata de combater as doenças efetivamente. Isso porque, recentemente, a OMS registrou mais de dois milhões de novos casos de câncer de mama no mundo, acompanhados por cerca de 684 mil mortes. As estatísticas também são alarmantes para o câncer de ovários, que atinge mais de 313 mil mulheres no mundo e leva, aproximadamente, 207 mil à mortalidade.
Atualmente, a cura do câncer acontece em 90% dos casos quando descoberto nos estágios iniciais. Por isso, é importante que a indústria invista em exames laboratoriais e genéticos capazes de prever os riscos de desenvolvimento da doença, evitando-se tratamentos invasivos como a rádio e a quimioterapia.
Para isso, o uso da genética pode servir para detectar alterações em vários genes além do BRCA1 e do BRCA2, garantindo, diferentemente dos exames convencionais, um protocolo preditivo e personalizado da doença.
O BrestCheck, por exemplo, é um teste genético, desenvolvido pelo laboratório da DF Medica, que identifica o risco de predisposição ao desenvolvimento de câncer de mama e de ovários em mulheres. Responsável por avaliar 26 genes específicos, como PALB2, CHEK2 e ATM, permite que os profissionais de saúde avaliem todos os riscos possíveis e iniciem protocolos de tratamento com base no perfil de cada paciente e na sua necessidade de frequência de consultas.
A detecção precoce de mutações em genes diferentes pode ser uma ferramenta vital na prevenção das doenças, porque, apesar de não impedir o seu desenvolvimento, ela acompanha toda a informação genética de uma paciente para identificar a origem das patologias e, assim, orientar as possibilidades de consultas e medicações.
Vale considerar que, diferentemente de qualquer outro exame genético, além de incluir o sequenciamento completo do gene para a confirmação da doença (normalmente feito à parte em outros testes), o BrestCheck não se limita apenas ao diagnóstico de risco de câncer. Ele também permite uma intervenção clínico-farmacológica por parte dos médicos, sendo capaz de identificar a resposta a medicamentos de cada genótipo do organismo e selecionar terapias personalizadas, com uma redução de efeitos reversos ou colaterais. Nessa abordagem, portanto, os profissionais da saúde têm opções de direcionar uma quimioterapia, por exemplo, com melhor desempenho e menor toxicidade para pacientes.
Enquanto a medicina de precisão continua a evoluir, o uso da genética, preditiva ou interventiva, torna-se um recurso valioso na prevenção e no tratamento como nunca antes visto, abrindo uma nova possibilidade de lutar contra o câncer de mama e de ovários e, finalmente, oferecendo às mulheres a esperança que elas merecem.