Furtacor lança “Músicas Que Refletem Suas Cores”, álbum de estreia que une autoconhecimento, camadas sonoras e múltiplas interpretações

  •  O disco, que chega pela Marã Música, reúne faixas divulgadas em 2023 e 2025, além de inéditas que completam uma narrativa construída a partir de reflexões filosóficas, espirituais e sensoriais
  • A sonoridade do Furtacor transita entre o orgânico e o eletrônico, com violões marcantes, ritmos desconstruídos e uma mistura de elementos percussivos que se cruzam com texturas digitais

Ouça o álbum

O projeto Furtacor apresenta nesta sexta-feira (12 de dezembro) “Músicas Que Refletem Suas Cores”, seu primeiro álbum, um trabalho que nasce de uma imersão artística iniciada em 2020 e que finalmente se revela por completo após lançamentos distribuídos ao longo dos últimos anos. O disco, que chega pela Marã Música, reúne faixas divulgadas em 2023 e 2025, além de inéditas que completam uma narrativa construída a partir de reflexões filosóficas, espirituais e sensoriais.

Criado por Caio Villafanha Negro, o Furtacor surge quando o artista percebe que algumas de suas composições não se encaixavam mais no formato tradicional de banda. O álbum foi produzido por Renato Cortez, Rodrigo Coelho e pelo próprio Caio, que desde os 10 anos vive a música como extensão natural de suas vivências. Influenciado pelo pai e pelos estudos de violão clássico, ele transitou pelo rock e pelo hardcore na adolescência, lançou seu primeiro álbum com a banda Brave as Titan aos 22 anos e, após o término do grupo em 2015, fundou a banda Organa em 2017, projeto que segue ativo e se prepara para um novo EP em 2026.

“Músicas Que Refletem Suas Cores” nasce também do desejo de reconstruir uma grande narrativa a partir de músicas lançadas em partes, especialmente a partir do EP “Desmonta”. Caio explica que todas as faixas dialogam com o autoconhecimento, seja num sentido filosófico, simbólico ou místico. O nome do projeto reforça a proposta: inspirado em “furta-cor”, termo usado para definir objetos que mudam de cor conforme a luz, o artista entende o Furtacor como metáfora da pluralidade de sentidos que a arte pode provocar. “A música, assim como a vida, pode ser interpretada de formas diferentes. Gosto de brincar com essas camadas”, diz ele. Por isso, o álbum funciona como um prisma, uma ideia central que se fragmenta em cores, sensações e percepções distintas.

A estrutura do disco conduz o ouvinte por uma jornada. O início é marcado por uma atmosfera espiritual e de elevação de consciência nas faixas “Intro” e “Raízes”, que tratam de transmutação, sensibilidade e dualidade. A partir daí, a narrativa se expande com “Visão”, música lançada originalmente em 2023 que discute a dificuldade de enxergar a realidade e a busca permanente pelo entendimento. Na sequência, “Explosão de Significados” e “Prisma” aprofundam o conceito do álbum ao explorar como uma canção pode ganhar diferentes perspectivas, tanto do criador quanto do ouvinte.

O clima muda com “Não Se Apegue Às Suas Verdades” e “Desmonta”, músicas que abordam a eterna construção e desconstrução da identidade, revelando conflitos internos e deslocamentos necessários. O interlúdio “Se Esconder de Si” revisita “Visão” de forma instrumental e abre caminho para “Carregando Pedras”, nova faixa de trabalho do projeto, que chegou com videoclipe no dia 5 de dezembro. “Essa música fala sobre correr atrás de ilusões, carregar pesos inexistentes e não sair do lugar por conta dessas crenças”, explica Caio. O álbum se encerra com “Outro”, uma reflexão sobre como sentimos, percebemos e projetamos o mundo,  e sobre como essas interpretações dizem mais sobre nós do que imaginamos.

A sonoridade do Furtacor transita entre o orgânico e o eletrônico, com violões marcantes, ritmos desconstruídos e uma mistura de elementos percussivos que se cruzam com texturas digitais. Há faixas cantadas, faladas e instrumentais, todas atravessadas por uma estética experimental que amplia a experiência para além da audição. “Tive um grande processo de desconstrução na forma de fazer música para gravação desse álbum, me arrisquei em estilos novos que ajudaram a criar uma sonoridade única”, comenta Caio. Suas influências vão da percussividade de Gilberto Gil ao emo/folk de City and Colour, passando pela introspecção de Castello Branco e pelo caos eletrônico de Aphex Twin.

Para o artista, o álbum não entrega respostas,  ele provoca, desloca e convida. “Algumas faixas são só para sentir, outras exigem aprofundamento. São muitas camadas, muitas mensagens. Com certeza vão refletir várias cores”, afirma. Ele acredita que o ponto central do trabalho é justamente a multiplicidade. “Quero trazer várias interpretações, às vezes até difusas e desconexas,  assim como nós somos.”

Depois de anos de criação e reconstrução, Caio celebra esse lançamento como um marco. “É meu primeiro álbum e demorou muito para ficar pronto. É um processo artístico longo e muito especial. Estou ansioso para mostrar a ideia completa e fechar mais um ciclo. Espero que seja o primeiro álbum de muitos.”