China aperta o cerco e impõe novas restrições à exportação de terras-raras, incluindo o crucial hólmio

Nova medida, que abrange cinco elementos e entra em vigor até novembro de 2025, intensifica o controle chinês sobre materiais estratégicos para tecnologia, energia e indústria global

O governo da China anunciou, em 9 de outubro de 2025, a ampliação das restrições de exportação sobre elementos de terras-raras — um grupo essencial para tecnologias de ponta. Cinco novos elementos foram incluídos na lista controlada: hólmio, érbio, túlio, európio e itérbio.  A medida entra em vigor de forma escalonada até 8 de novembro e exige licenças não apenas para os metais puros, mas também para produtos manufaturados e tecnologias que utilizem processos chineses.

Com a decisão, 12 dos 17 elementos de minerais raros passam a estar sob controle da China, país que concentra mais de 80% da produção global desses materiais (U.S. Geological Survey – USGS). A concentração confere à China uma posição estratégica sobre cadeias globais de suprimento em energia renovável, defesa, semicondutores, comunicação óptica e automação industrial.

O hólmio, recém-incluído na lista, é uma das terras-raras “pesadas” e tem aplicações especializadas em imãs permanentes de alta performance, semicondutores, lasers e sistemas de controle de reatores nucleares. Analistas alertam que a restrição deve gerar aumento de custos, incerteza no fornecimento e busca por alternativas fora da China.

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a demanda global por terras-raras ligadas à transição energética deve triplicar até 2040, impulsionada pelo crescimento de veículos elétricos e turbinas eólicas.

No Brasil, a decisão já provoca efeitos perceptíveis. A Fácil Negócio Importação, líder nacional na distribuição de ímãs de neodímio, registrou crescimento de 22% nas vendas em 2024, impulsionado pela demanda de setores industriais que buscam reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros. Um levantamento interno da empresa mostra que os custos de importação de terras-raras chinesas subiram até 18% desde o início de 2024, refletindo ondas anteriores de restrições.

Para Rodolfo Midea, CEO da Fácil Negócio Importação, o movimento chinês evidencia a necessidade de diversificação da cadeia produtiva nacional.

“Essa mudança deixa claro que decisões geopolíticas podem impactar diretamente a indústria brasileira. O país precisa investir em autonomia no fornecimento de insumos

estratégicos ligados à inovação e sustentabilidade”, afirma Rodolfo.

“Nosso compromisso é garantir acesso contínuo aos ímãs de neodímio da mais alta

qualidade, mesmo em um cenário global de incertezas. A indústria precisa estar preparada — e estamos prontos para atender essa demanda”, conclui o empresário.

Especialistas internacionais, como SFA (Oxford) e Adamas Intelligence, classificam a decisão chinesa como uma estratégia de “segurança nacional” que afeta tanto usos civis quanto militares. A IEA (International Energy Agency), alerta que a concentração da produção na China aumenta a vulnerabilidade das cadeias tecnológicas e torna urgente a diversificação de fornecedores globalmente.

O cenário evidencia uma oportunidade para países como o Brasil ampliarem sua participação no fornecimento de insumos magnéticos e minerais críticos, reforçando a segurança de suprimentos e a competitividade industrial em setores estratégicos.