Estudos mostram que o desenvolvimento da linguagem oral na primeira infância é fundamental para o sucesso na alfabetização.
Quando falamos em alfabetização, muitos pais pensam apenas no momento em que a criança entra no primeiro ano escolar. No entanto, esse processo começa muito antes — ainda nas primeiras palavras, quando a linguagem e o brincar se tornam a base para todas as futuras aprendizagens.
Segundo dados da UNESCO, crianças que chegam à escola com bom repertório de vocabulário têm duas vezes mais chances de apresentar desempenho satisfatório em leitura e escrita. Já o INEP aponta que mais de 50% dos alunos brasileiros chegam ao 3º ano do ensino fundamental com dificuldades na alfabetização, muitas vezes porque os pilares da linguagem não foram devidamente consolidados na primeira infância.
A fonoaudióloga Adriana Fiore, especialista em linguagem infantil, explica que o processo de alfabetização tem início quando a criança começa a desenvolver sua linguagem oral. “A partir do momento em que aprende a falar, ela passa a perceber os sons das palavras, a brincar com eles e a relacionar o que ouve com o que vê. Essa capacidade de escutar, discriminar e manipular os sons da fala — chamada de consciência fonológica — é um dos principais preditores de sucesso na alfabetização. Se a criança não domina bem a fala, terá mais dificuldade em associar letras a sons, reconhecer palavras e avançar na leitura. A alfabetização depende diretamente da linguagem oral”, explica.
Um estudo da Universidade de Harvard reforça que crianças com vocabulário mais amplo aos 3 anos apresentam melhor desempenho em leitura até os 9 anos. “Isso mostra que estimular a fala desde cedo é uma forma de preparar a criança para o futuro escolar. A leitura e a escrita não começam na escola — começam no diálogo em casa, nas interações cotidianas e nas experiências de linguagem que a criança vive todos os dias”, destaca Adriana.
Entre os sinais de atenção estão: vocabulário muito restrito, dificuldade para narrar fatos simples e problemas de compreensão de comandos. “Quando essas questões são identificadas precocemente, podem ser trabalhadas de forma leve e eficaz, prevenindo prejuízos futuros no processo de alfabetização”, orienta a especialista.